Resumo
Defendemos no artigo que o institucionalismo lógico-técnico e a despersonalização dos sujeitos políticos, assumidos pelo liberalismo político como base da justificação democracia pluralista contemporânea, não permitem o enfrentamento do fascismo em crescimento, pelo fato de que minimizam a importância da sociedade civil e despolitizam os sujeitos sociais, individualizando-os e periferizando-os. Desse modo, no liberalismo político, sujeitos sem pertença e sem localização de classe perdem o protagonismo sociopolítico, que passa a ser centralizado e dinamizado pela estrutura básica da sociedade ou pelos sistemas sociais enquanto estruturas sem sujeito, não-políticas e não-normativas, basicamente de caráter instrumental. Argumentamos que essa perspectiva política liberal precisa ser complementada com dois pontos fundamentais do marxismo, a saber, o conceito de classe socioeconômica, enquanto sujeito macroestrutural que, nos seus confrontos, contrapontos, consensos e hegemonias, dinamiza processos evolutivos amplos, e a questão da crítica da ideologia, ou seja, a entabulação de uma perspectiva de ativismo político e de crítica social assumida desde o lugar e as experiências de classe, de um sujeito social que se organiza, se compreende e age como classe socioeconômica.