Abstract
Este artigo analisa a descrição da fisiologia do sonhar no De insomniis em vista de esclarecer a relação entre a phantasia e os movimentos que, segundo Aristóteles, condicionam o aparecimento dos sonhos. Encontra-se no livro III do De anima a mais conhecida abordagem aristotélica acerca da noção de phantasia. Trata-se do capítulo 3, em que Aristóteles a define como "movimento proveniente da sensação em exercício". Por outro lado, não são raras as ocasiões no corpus aristotélico, em que a phantasia é abordada em contextos específicos de investigação, como a ação humana, o movimento dos animais, a memória, o desejo e os sonhos, seja em outros capítulos do De anima seja alhures. No tratado De insomniis, por exemplo, nos deparamos com uma extensa digressão sobre os aspectos fisiológicos da formação e da emergência dos phantasmata durante o sono. Nesse tratado, Aristóteles utiliza a expressão kineseis phantastikai para descrever os movimentos que acompanham a ocorrência dos sonhos. e apresentar uma interpretação sobre o que caracteriza os movimentos fantásticos aos quais se refere Aristóteles. O presente texto tem por objetivo apresentar os resultados da análise das descrições fisiológicas da phantasia em De insomniis, interrogando em que medida elas contribuem para esclarecer o conceito aristotélico e abrindo caminho para o estudo do tratado De divinatione per somnum.