Resumo
O artigo tem dois propósitos centrais: primeiramente, expor a discussão sobre a inclusão do TS 234 (anteriormente conhecida como "Parte II") nas Investigações Filosóficas de Wittgenstein. Para atingir a esse primeiro objetivo, iremos analisar as justificativas de inclusão dadas por Anscombe (1953) e Rhees (1953, 1996) na primeira edição do livro, as críticas feitas por von Wright (1982, 1992) e, por fim, os motivos que levaram Hacker e Schulte, editores da quarta edição das Investigações, a considerar o TS 234 como parte de um trabalho distinto da “Parte I”. O segundo objetivo do artigo é mostrar uma leitura particular sobre os escritos pós-1945 (incluindo o TS 234), a qual afirma que tais anotações não representam “partidas para novas direções”, como von Wright (1982), Hacker (2013) e Moyall-Sharrock (2004) alegam, mas são uma continuação das questões iniciadas ainda nas Investigações Filosóficas. Para este segundo objetivo, tomaremos como base a leitura exposta por Nuno Venturinha (2007) em seu artigo “Against a third Wittgenstein” as menções do próprio Wittgenstein que indicam que as Investigações Filosóficas ainda continuavam no horizonte de pensamento do filósofo em seus escritos pós-1945. Ao fim, concluiremos que tanto a leitura proposta por Venturinha – de “uma continuidade” dos escritos – quanto as leituras que apregoam uma “partida para novas direções” possuem limitações e problemas graves, o que mostra que a questão em torno do locus da Parte II das Investigações e dos problemas ali inseridos ainda continuam sendo um capítulo polêmico das leituras Wittgensteinianas.