Abstract
Aristóteles foi o primeiro filósofo que articulou uma taxonomia da ciência: os quatro livros que compõem os Analíticos oferecem uma teoria do conhecimento científico e os critérios que uma disciplina deve respeitar para receber a designação de ciência. Aristóteles, porém, foi também o fundador da ciência zoológica e o pai da anatomia comparada. Trata-se de uma questão já clássica, saber se o modo pelo qual Aristóteles desenvolve sua ciência dos animais na Historia Animalium e no De Partibus Animalium conforma-se aos critérios científicos estabelecidos nos Analíticos Posteriores.
Na primeira parte deste artigo, evidenciamos a relação entre as normas estipuladas nos Analíticos para a investigação científica e as pesquisas relatadas nos tratados naturais. Na segunda parte, examinamos a explicação fornecida pelo Estagirita acerca da função do cérebro, a qual leva o filósofo a incorrer num erro considerado escandaloso pelos pensadores que lhe sucederam.