Abstract
O método de interpretação dos diálogos platônicos, na segunda metade do século XX, passou por uma profunda revisão levada a termo pela Escola de Tübigen, que culminou em um novo paradigma histórico-hermenêutico para a leitura dos diálogos. Platão, a partir do século XIX, foi interpretado à luz do método romântico proposto por Schleiermacher. Nesse método, considerava-se o texto como a expressão acabada de um pensamento. De Platão, excepcionalmente, possuímos todos os seus diálogos. Por consequência, podemos extrair de todos os seus diálogos, todo o seu pensamento. Para os autores de Tübigen, no entanto, esse método negligência os “autotestemunhos” presentes no Fedro e na Carta VII sobre o real valor da escrita na ótica platônica e relega ao segundo plano as ideias ouvidas na Academia e transmitidas pelos seus discípulos (os “ensinamentos não-escritos”). Baseados nesses ensinamentos, os autores de Tübigen formularam um novo paradigma. O presente trabalho busca apresentar de forma sucinta as bases desse novo paradigma que vem causando acirrada polêmica entre os estudiosos do assunto.