Resumo
Este artigo busca aproximar os estudos do antropólogo Claude Lévi-Strauss, na obra Antropologia estrutural dois, em especial a discussão apresentada no capítulo “O sexo dos astros”, à noção de semelhanças de família proposta pelo filósofo Ludwig Wittgenstein, na obra Investigações filosóficas. Lévi-Strauss analisa, por meio da linguagem, a maneira como diferentes culturas representam e se referem ao Sol e à Lua, explorando as relações entre linguagem, mitos e estruturas sociais, destacando tanto os padrões comuns quanto as particularidades culturais na forma como esses astros são concebidos e vividos. Já Wittgenstein propõe a noção de semelhanças de família como uma rede de semelhanças que une os indivíduos de um conjunto qualquer. Os conceitos possuem delimitações imprecisas, limites obscuros, “desfocados”. Contudo, tal imprecisão não impede que tais conceitos sejam úteis ou funcionais no uso cotidiano da linguagem. Tal concepção wittgensteiniana pode ser tomada como uma abordagem útil para analisar a diversidade de representações dos astros em diferentes culturas, assim como podem aclarar as complexidades das linguagens e seus usos variados. Ambos os autores enfatizam a importância de considerar os contextos específicos em que as representações ocorrem e como as conexões e semelhanças entre elas podem ser observadas de maneira flexível e dinâmica.
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