Entrevista: Luzia de Maria
Resumo
Penso que o convívio com a escrita, que se dá através da leitura e que deve acontecer, na vida da criança, inicialmente pela audição – os pais ou um familiar, ou mesmo um funcionário de uma creche lendo histórias para ela – deve acontecer desde os primeiros meses de vida. Hoje as pesquisas da neurociência nos ensinam que os bebês têm uma imensa capacidade de aprendizagem e compreensão, que de zero aos três anos essa capacidade é superior a qualquer outro momento da vida do ser humano. Isso se pode constatar observando como qualquer criança com a qual se conversa desde o nascimento demonstra enorme habilidade na aquisição da língua, adquirindo um vocabulário surpreendentemente rico e um domínio da sintaxe, na formulação de frases e construções sintáticas absolutamente admiráveis, em um ou dois anos de vida. Ora, uma criança que, além das palavras dirigidas especialmente a ela, além dos videoclips e DVDs de músicas infantis (Turma do Co-co-ri-có, Palavra Cantada e outros), que além das brincadeiras, também ouve histórias desde os primeiros meses de vida, naturalmente tem muito mais elementos para a construção de sua identidade. E mais, tem muito mais informação de mundo para construir, também, uma compreensão acerca do ser humano, uma compreensão de que ela faz parte de um meio social e que o Outro é igualzinho a ela e deve ser respeitado; uma compreensão de que ela não deve fazer ao Outro o que não gostaria que fizessem a ela. As histórias, em minha opinião e na visão de muitos especialistas no assunto, são ingrediente essencial nesse processo. E, mais, na construção de sua identidade, essa criança constrói também uma segurança, uma autoconfiança, e constrói uma compreensão social, uma identidade própria e uma compreensão do meio em que vive, uma identidade reforçada por valores sociais, valores humanistas, valores absolutamente indispensáveis no século XXIDownloads
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Publicado
2012-12-15
Edição
Seção
Letras e Prosa